domingo, 22 de julho de 2012

IDENTIDADE


Há alguns dias precisei de um novo RG(mais conhecido como carteira de identidade). Foi bem interessante, já que estava em Iguatu para resolver algumas pendências cotidianas e o tempo de que dispunha era pouco. Fui ao local indicado e constatei a eficiência do serviço prestado. Mas o interessante não vem de tal eficiência, o que até poderia ser, levando-se em conta as dificuldades acarretadas pela burocracia brasileira. O interessante foi a dificuldade para "registrar" minhas impressões digitais. Como a temperatura estava alta e o meu estresse era grande em função do pouco tempo a ser administrado, comecei a suar e as minhas mãos deveriam estar aptas à receber aquela nova tecnologia. Como passei dos quarenta anos, na época em que fui tirar minha identidade, os dedos eram embebidos numa espécie de graxa o que me dava a verdadeira dimensão de como seria difícil mudar qualquer coisa a partir daquele momento, pois chegando em casa nem o sabão mais eficiente conseguiu livrar meus dedos de tal substância. De volta à Fortaleza vim refletindo sobre o que vem a ser identidade e brincando com um companheiro de viagem falava de que eu era tão difícil de ser decifrada que até as minhas impressões digitais escapavam da nova tecnologia. Como cientista social, faço uma analogia sobre as digitais "tiradas" no passado e as "tiradas" no presente. As digitais são as mesmas, mas a pessoa não. Assim é a nossa identidade. Construímos e desconstruímos diariamente a nossa visão de mundo, do que nos rodeia. "A identidade é definida como algo que traduz, por um lado, a permanência do objeto único ou do seu atributo, através das mudanças, que produzem em si como em seu redor; por outro lado, exprime a similitude de dois objetos distintos ou de tais ou quais aspectos de seus atributos". Penso que identidade e humanização caminham juntas, e que a construção do humano só é possível com a condição de que tenhamos a cultura e o tempo como uma maneira de significar a realidade. Como as digitais imprimem unicidade, o sujeito ao apropria-se da história imprime a esta sua marca.

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